dezembro 14, 2013

[Carreira] Por que as empresas mentem e os candidatos falam a verdade?

Nesta semana, o Max Gehringer fez um comentário muito interessante em sua coluna diária na rádio CBN, respondendo a seguinte pergunta: "Por que as empresas não dizem a verdade sobre o que vai acontecer depois que alguém é contratado?"



Segundo o Max, é verdade que as empresas mentem quando estão descrevendo o ambiente de trabalho ou a si mesmas quando um candidato participa de uma entrevista de emprego. Mentem para mostrar apenas os aspectos positivos da empresa ou, até mesmo, quando exigem do candidato características bem diferentes daquelas que ele vai encontrar non dia-a-dia (como exigir ter um bom relacionamento interpessoal e espírito de equipe, para trabalhar em um "ninho de cobras", como ele mesmo exemplificou).

E as empresas agem dessa forma pois querem atrair os melhores profissionais possíveis e disputam isso com outras empresas, algo que dificilmente conseguiriam fazer se falassem a verdade! Por isso mesmo, se descrevem como se fossem um ambiente ideal. Para explicar isso, ele fez uma comparação com um anúncio de televisão: eles mostram somente a perfeição que gostariam de ter, em vez de mostrar as imperfeições que tem. Ou seja, nunca ouviremos um head hunter falar que um determinado emprego é para trabalhar com um chefe desqualificado e odiado, que a infra-estrutura de TI é uma zona, ou que é prática comum naquela empresa enganar os clientes e passar a perna nos parceiros.

Mas o Max nada falou sobre o mais interessante nessa história toda: se é "normal" a empresa mentir em um processo seletivo, isso significa que o candidato também podem mentir?

E a resposta é NÃO. A verdade é que as empresas não aceitam candidatos que mentem no currículo. Se alguma mentira for descoberta, o candidato será descartado no mesmo momento, exceto em casos muito raros aonde a mentira não seja considerada muito séria (ou seja, você disse que fala Russo fluente quando, na verdade, é meia-boca, e isso não faz nenhuma diferença no seu trabalho) e o candidato seja considerado muito bom pelo entrevistador.

Ou seja, a recíproca não é verdadeira: A empresa pode mentir, mas o candidato tem que ser sincero.

E por que essa discrepância? Simplesmente porque, no mundo corporativo, vale a lei do mais forte: quem tem mais poder dita as regras. Durante um processo seletivo, o entendimento geral é que o poder está nas mãos da empresa: ela que está contratando, ela que está tomando a decisão final, ela que tem direito a fazer todo o tipo de questionamento. Assume-se, também, que o candidato é o maior interessado, pois se ele (ou ela) está participando de um processo seletivo, é porque ele (ou ela) está procurando uma posição e, portanto, deseja sair do emprego atual (ou está desempregado). Esse é o desequilíbrio de poder: a empresa tem controle sobre o processo seletivo e o empregado tem o interesse (ou necessidade) em ser contratado.

O resultado desse cenário é o famoso caso do "manda quem pode e obedece quem tem juízo". Por exemplo: quando você vai em uma consulta médica, é muito comum que fiquemos esperando pela consulta 30 minutos ou até mesmo uma hora até ser atendido pelo médico, independente de ter horário marcado ou não. Mas, se você ligar no consultório avisando que vai chegar 15 minutos atrasado, o médico vai querer cancelar sua consulta. O médico pode atrasar o quanto ele quiser, mas o paciente não.

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